"A paciência é a maior virtude do imigrante."Li essa frase hoje na lista de discussão
Canada Immigration Brasil, o novo espaço aonde os
imigrantes-wannabe se reúnem, após o misterioso desaparecimento da lista Canada Imigration original. Eu não sei realmente se a paciência é a maior virtude do imigrante, só sei que,
deste imigrante aqui, não é, não.
Ultimamente tenho estado muito chateado com relação a todo esse processo, visto que, uma vez ao mês venho bater ponto aqui no blog e tem sido sempre pra dizer "nada de novo". São 3 meses de seca impostos pelo Consulado, no qual apenas 4 pessoas receberam pedidos de exames médicos, de acordo com a amostragem que temos, formada pelas pessoas que publicam na internet as suas experiências. Pra se ter uma idéia, nos 3 meses anteriores a esse período, 23 pedidos de exames médicos foram cadastrados no
nosso sistema.
Tenho estado mais irritado do que o de costume. Acho que a sensação de não ter total controle sobre sua própria vida me deixa muito mais deslocado do que uma pessoa normal. Eu devia ter mais "jogo de cintura", aceitar a situação, tirar proveito dela, mas algo acontece que me deixa meio inquieto. Some-se a isso a total e completa desordem na qual vivemos, é a receita para um desastre.
Nestes dias venho fazendo inclusive algo que não deveria: exigir um mínimo de respeito e hombridade de pessoas as quais não conheço.
Outro dia, no trânsito, um pequeno congestionamento, duas grandes filas de carros paradas num semáforo, alguns carros aproveitavam uma junção de via para passar na frente dos otários que respeitavam a fila. Na minha vez de passar, simplesmente não dei passagem para um cara. Ele, como se estivesse com a razão, reclamou que eu estava o fechando! Veja bem,
ele reclamou, não eu. Quem está errado, está certo. Simplesmente perguntei se ele conhecia o conceito de "fila", quem chega antes passa antes, esse tipo de coisa. Fingiu que não ouviu e forçou o carro. Passou na minha frente. Não antes de ouvir que o Brasil está assim por causa de gente egoísta como ele. Fico imaginando se ele sequer irá refletir sobre essas palavras que ouviu... acho que não.
Anteontem eu e minha esposa estávamos num estacionamento de shopping - vou grifar,
estacionamento de shopping. Estávamos um pouco distraídos, conversando, e quando atravessamos a rua, percebemos que um táxi passava, obviamente paramos e deixamos o carro passar. Ele passou na nossa frente e encostou no meio-fio. Até aí, sem problemas. Simplesmente continuamos andando, para chegarmos ao outro lado da rua. Então o táxi simplesmente começa a manobrar o carro, dando ré pra cima de nós. Chamamos a atenção e ele nada de brecar! Ao chegar do outro lado, fui à janela e falei: "Rapaz, toma cuidado, olha no retrovisor antes de dar ré, nós estamos atravessando!" Ao invés de desculpas, ouvi que nós é que tínhamos de olhar por onde andávamos... como se estivéssemos brincando de cabra-cega por aí!
O cara ainda teve a empáfia de descer do carro pra argumentar. Começou a discussão ácida e surreal, e até minha esposa, que geralmente não entra em briga, ficou nervosa em ver o cretino argumentando que estava certo, que era pra gente olhar, o que obviamente fizemos, senão ele teria nos atropelado antes mesmo de ter encostado o carro no meio-fio!
No final da discussão, já desistindo de discutir e entrando no shopping, não me contive. Encerrei a conversa dizendo uma frase com o específico propósito de ofender o cara. Pra humilhar, mesmo. Algo que desmerecia a profissão dele. É algo que não acho, não concordo, mas que foi a única frase que me veio na cabeça nessa hora de desespero. Inclusive, eu escutei essa pérola numa roda de amigos, quando um deles falou, "sabe o que você pode falar pra humilhar alguém?", entre outras piadas politicamente incorretas. Porém, depois de um tempo fiquei triste, pois em primeiro lugar isso está totalmente errado. Errei feio. Eu como cristão devo andar na linha, mesmo que outros tenham errado, e não há desculpa pra se dizer algo tão preconceituoso e idiota. E em segundo lugar, eu talvez tenha ofendido pessoas que estavam perto do cara e não tinham feito nada de errado. Além do mais ainda devo ter passado uma imagem de escroto.
Infelizmente não tenho essa paciência toda, não. Só de imaginar o cara machucando minha esposa, e ainda se vangloriando disso, me dava vontade é de meter a mão na cara do desgraçado. Isso, então, seria pior ainda, visto que poderia até sujar minha ficha na polícia, algo que iria me prejudicar horrores no processo de imigração.
Felizmente, nem tudo é aflição. Daqui a 9 dias entro de férias. Trinta dias longe do trabalho é algo que não tenho conhecimento desde a escola! Férias remuneradas, então, essas são definitivamente as minhas primeiras. Vamos passar uns dias num lugar, outros dias noutro... vai ser uma delícia. Ainda assim, nada vem fácil: a minha parceira de equipe pediu demissão ontem, então está o maior terrorismo do tipo "tá achando que vai tirar férias? ha, ha!", o que realmente não me afeta, pois que eu vou entrar de folga, tenho 100% de certeza. Nem que em vez de voltar pro trabalho eu volte pra procurar outro emprego.
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