Arranjar emprego... SP vs RJ
Conforme os que acompanham o blog sabem, nós saímos do Rio de Janeiro indo para o interior de São Paulo. Não fazia parte dos nossos planos inicialmente, mas é o que aconteceu após o prazo inicial do Consulado ter furado - se os 16 meses tivessem se cumprido, estaríamos com o visto no último dia 17 de janeiro. A cidade tornou-se inabitável pra nós (principalmente para mim) e resolvemos ficar um tempo num lugar melhor para podermos comparar o Canadá com um lugar razoável, pois comparar Toronto com Rio de Janeiro é sacanagem.
Para poder fazer a mudança, obviamente nos livramos de muitas coisas, o que foi bom. Nem consigo imaginar agora como seria tentar colocar uma casa mobiliada em três malas, na hora da imigração. Nossas tralhas agora cabem em três carros.

Nossa frota veicular é mais ou menos isso aí. Fazemos também mudanças para o Nordeste e todo o interior de Minas Gerais.
Outra coisa da qual precisamos nos livrar foi nossos empregos. Visto que o visto (com trocadilho, por favor) pode chegar só no fim do ano, se chegar, precisei procurar outro emprego, agora, aqui em SP.
A busca por empregos, que achava que ia durar no máximo quinze dias, ainda não acabou. Vagas, existem aos montes. A questão é que o processo de arranjar trabalho em São Paulo é absolutamente diferente que no Rio de Janeiro.
Rio de Janeiro
Em seis anos morando nessa cidade, passei por seis empregos. Foram obviamente seis entrevistas, no mínimo. Além das que tive sucesso, devo ter feito aproximadamente mais uma entrevista mal-sucedida para cada uma das bem-sucedidas. O processo todo se resume a basicamente isso:

Um processo seletivo direcionado para humanos, daqueles que respiram ar e bebem água.
São Paulo
Estou procurando emprego na cidade há um mês e pouco. Na época que estava saindo do Rio, consegui marcar três entrevistas entre o Natal e o Ano Novo, e com isso fiquei animado, pois imaginei que para uma semana morta como essa, três entrevistas era um bom número.
A primeira entrevista foi normal, para os padrões os quais eu estava acostumado (RJ), teve a conversa, um formulário e uma prova. Junto com a prova, veio um negócio estranho. Um formulário que era pra eu marcar se eu era uma pessoa colaborativa, se eu gostava de liderar, não sei quê, depois pra eu dizer cinco qualidades minhas, cinco defeitos... achei meio estranho, mas pensei, esse processo deve ser diferente...
Porém, na outra entrevista que fiz, vi que o errado era eu: foi dado para mim uma folha sulfite para eu fazer uma redação de 30 linhas. Em letra cursiva. Não escrevo em letra cursiva há o quê, 15 anos? Pois bem. Comecei a escrever e notei que não havia borracha disponível. Levantei e fui pedir uma borracha. "Não é para apagar", disseram. "Se você errar, é pra rasurar e continuar". Rasurar. A lápis.
Indagando a entrevistadora, ela informou que iriam mandar a redação para ser analisada por grafologistas. É brincadeira? Deu vontade de responder, "olha só, meu signo é Capricórnio e meu nome somado dá 3, caso você queira levar meu perfil para uma astróloga, também".

Nessas horas dou graças a Deus por sempre levar comigo uma cópia do meu mapa astral.
Até agora, passei por:
Abaixo comento mais algumas pérolas:

"É que nem esse aqui, mas ao invés de um monstro idiota, é um gerente de RH idiota."
Mudando um pouco de assunto, essa semana houve alguns pedidos de exames médicos. Nesses tempos bicudos, qualquer pedido de exame médico é um ótimo sinal. Já entraram no mês de abril/2007. Maio, junho, julho, agosto! Quatro meses! Parece tão perto e ao mesmo tempo, tão longe...
Para poder fazer a mudança, obviamente nos livramos de muitas coisas, o que foi bom. Nem consigo imaginar agora como seria tentar colocar uma casa mobiliada em três malas, na hora da imigração. Nossas tralhas agora cabem em três carros.

Nossa frota veicular é mais ou menos isso aí. Fazemos também mudanças para o Nordeste e todo o interior de Minas Gerais.
Outra coisa da qual precisamos nos livrar foi nossos empregos. Visto que o visto (com trocadilho, por favor) pode chegar só no fim do ano, se chegar, precisei procurar outro emprego, agora, aqui em SP.
A busca por empregos, que achava que ia durar no máximo quinze dias, ainda não acabou. Vagas, existem aos montes. A questão é que o processo de arranjar trabalho em São Paulo é absolutamente diferente que no Rio de Janeiro.
Rio de Janeiro
Em seis anos morando nessa cidade, passei por seis empregos. Foram obviamente seis entrevistas, no mínimo. Além das que tive sucesso, devo ter feito aproximadamente mais uma entrevista mal-sucedida para cada uma das bem-sucedidas. O processo todo se resume a basicamente isso:
- Respondo a anúncio em site de empregos, mandando o meu currículo e um texto resumindo minhas qualificações, quando solicitado.
- Após algum tempo, entre um dia e uma semana, no máximo, alguém liga, faz algumas perguntas e marca uma entrevista para o dia D (obviamente não estou contando as pessoas que não gostaram do meu currículo e não me ligaram).
- Compareço à entrevista no dia D, que não passa de uma conversa com a pessoa responsável, a respeito das minhas capacidades e dos conhecimentos necessários para a oportunidade, e que eventualmente é acompanhada do preenchimento de um formulário com dados cadastrais e uma prova relacionada aos requisitos para a vaga.
- Se não passar na prova, ou não gostarem da entrevista, às vezes não recebo resposta. Caso contrário, recebo uma ligação após alguns dias, também, no máximo, uma semana, informando que passei e quando começo no novo emprego.

Um processo seletivo direcionado para humanos, daqueles que respiram ar e bebem água.
São Paulo
Estou procurando emprego na cidade há um mês e pouco. Na época que estava saindo do Rio, consegui marcar três entrevistas entre o Natal e o Ano Novo, e com isso fiquei animado, pois imaginei que para uma semana morta como essa, três entrevistas era um bom número.
A primeira entrevista foi normal, para os padrões os quais eu estava acostumado (RJ), teve a conversa, um formulário e uma prova. Junto com a prova, veio um negócio estranho. Um formulário que era pra eu marcar se eu era uma pessoa colaborativa, se eu gostava de liderar, não sei quê, depois pra eu dizer cinco qualidades minhas, cinco defeitos... achei meio estranho, mas pensei, esse processo deve ser diferente...
Porém, na outra entrevista que fiz, vi que o errado era eu: foi dado para mim uma folha sulfite para eu fazer uma redação de 30 linhas. Em letra cursiva. Não escrevo em letra cursiva há o quê, 15 anos? Pois bem. Comecei a escrever e notei que não havia borracha disponível. Levantei e fui pedir uma borracha. "Não é para apagar", disseram. "Se você errar, é pra rasurar e continuar". Rasurar. A lápis.
Indagando a entrevistadora, ela informou que iriam mandar a redação para ser analisada por grafologistas. É brincadeira? Deu vontade de responder, "olha só, meu signo é Capricórnio e meu nome somado dá 3, caso você queira levar meu perfil para uma astróloga, também".

Nessas horas dou graças a Deus por sempre levar comigo uma cópia do meu mapa astral.
Até agora, passei por:
- 6 formulários com dados cadastrais;
- 4 provas;
- 2 complicados conjuntos de formulários tentando "mapear" minha personalidade, do tipo, "dê nota para sua organização", "sempre dou feedback para meus subordinados", etc;
- 10 entrevistas, sendo que
- 2 delas tiveram "questões de prova", apesar já ter sido aplicada prova no mesmo processo seletivo;
- 4 delas tiveram longos períodos de discussão sobre minha personalidade, nos moldes dos formulários acima;
- 1 delas foi feita totalmente em inglês;
- 5 redações sobre minha carreira profissional, sendo duas delas em inglês.
Abaixo comento mais algumas pérolas:
- Uma das entrevistas chegou ao seguinte nível:
- O que você gosta de fazer no seu tempo livre?
- Ah, sou um cara caseiro, gosto de ver um filme, ficar na Internet, jogar...
- Que tipos de jogo você gosta?
O quê, dependendo do tipo do jogo eu tenho mais chance de conseguir o trabalho? Fiz um grande esforço pra não responder: "sabe aquele jogo que o cara fica doido na entrevista por emprego, puxa duas metralhadoras e sai matando todo mundo?"

"É que nem esse aqui, mas ao invés de um monstro idiota, é um gerente de RH idiota."
- Uma das entrevistadoras respondeu meu anúncio simplesmente quinze dias após eu mandar o currículo. Durante a entrevista, ela me diz o seguinte: "a gente está com muita urgência em preencher essa vaga, o mercado tá precisando muito de gente como você, e é um profissional difícil de conseguir..."
- Outro caso foi uma prova que eu fiz e após 30 dias recebi a resposta que eu passei. Aparentemente a prova foi tão difícil que ninguém conseguia corrigir! Durante a entrevista, a mesma coisa: "estamos com urgência pra preencher essa vaga, blá blá blá..."
- Na verdade, a urgência para preencher a vaga foi assunto de várias das entrevistas. Puxa, não parece! Estou há um mês de bobeira em casa... podia estar trabalhando!
Mudando um pouco de assunto, essa semana houve alguns pedidos de exames médicos. Nesses tempos bicudos, qualquer pedido de exame médico é um ótimo sinal. Já entraram no mês de abril/2007. Maio, junho, julho, agosto! Quatro meses! Parece tão perto e ao mesmo tempo, tão longe...
Marcadores: Cotidiano
8 Comentários:
Oi, Ultranol! Que bom ter notícias de vocês! Nós também estamos contando nos dedos esses "poucos" meses que faltam pra recebermos o pedido de exames médicos e o tempo não ajuda, né? Parece que fica parado...
Com relação à diferença entre RJ e SP, eu notei isso faz tempo, no início dos anos 90, qdo morei em São Paulo. Numa das entrevistas (na Roche, onde no final fui contratada) também tinha, além do teste psicológico, um teste grafológico. Ou seja, essas "técnicas" já são usada há anos em SP, mas aqui no Rio nunca fiz... muito esquisita essa diferença entre as maiores cidades do país!
Beijos e boa sorte!
Andréa
www.picolecarioca.com.br
Quanta burocracia! Tomara que vc consiga logo um emprego, mas mais do que isso, que seu pedido de exames médicos chegue rapidamente (quem sabe antes do emprego...).
Vamos torcer!
Bjs
Oi, Tudo bem?
Sei bem o que está passando. Passei e estou passando novamente por isso aqui em SP (capital). E olha que já morei em várias cidades e até fora do país, mas não vi nada igual a SP. Nada contra os paulistas e a forma de agirem em relação a seleção e contratação, mas muitas vezes acho um absurdo tantas exigências principalmente pq para algumas vagas nem o salário compensa. Ainda por cima, quando nem há tantas responsabilidades para o cargo. No meu caso por exemplo, perdi muitas propostas pq, apesar de ter a experiência e o perfil da vaga, não tinha o inglês fluente que era exigido para vagas que nem iriam "usar" o idioma na prática. Fora as vezes que ouvi que meu currículo era excelente, mas a vaga era inferior e iria, depois, procurar outra coisa...e que com certeza não ficaria sem emprego. Fala sério, né?
Uma boa dica é a Catho? Já tentou?
Mas paciência...cada cabeça é um mundo, não é? Ao menos no Canadá, podemos ir até as empresas para buscar propostas, ao contrário daqui, que este método de busca não é muito bem vindo.
"Reclamações" a parte, acompanho o blog de vcs há um tempinho e desejo muita sorte! Que o pedido de exames médicos possa chegar logo.
Um abraço e um 2009 maravilhoso!
Leila
Fala Andréa, tudo bem? Aí, manda lembranças ao pessoal da imigração aí do RJ... estamos todos juntos na torcida.
Re, Li e Lily, adoraria receber o pedido de exames antes de aparecer um emprego... só não gostaria que levasse 6 meses pra o primeiro deles acontecer!
Leila, já tentei a Catho, aqueles sete dias grátis, mas não achei que vale a pena, pois as vagas que aparecem lá são as mesmas que aparece na APInfo, que é grátis!
Teve uma dessas entrevistas que eu fiz, tinha uma prova, quando eu fui ver o conteúdo, eram as questões de certificação Oracle (eu sei pois já tinha feito a prova), e quando a mulher falou o salário, era tipo 40% menor do que eu estava pedindo... cara de pau! Espera um OCP e quer pagar salário de estagiário?
Bem... boa sorte a todos nós.
pergunta pra sua esposa dos meus posts com dinâmicas de grupo e o teste de manter o lápis 45o desenhando pauzinhos rss
Tudo bem Ultranol. Tambem estou na mesma angustia, sem emprego e sem pedido de exames, cheguei da Inglaterra em Julho e estava esperando o pedido dos exames medicos entre Dez08/Jan09, com esta bagunca dos processos ja nao sei de mais nada. Dei entrada em Ago07 como voces. Queria saber sua opiniao sobre quando eh que vao nos enviar o pedido de exames?
Caramba!!! Grafologista??? Boa sorte!!!
Espero que você arranje logo alguma coisa. Ou que o Consulado dê notícias. De qualquer forma, estou na torcida.
Beijo,
K.
Olá ultranol, só hoje pude ler este teu post.
Aqui no Canadá, as entrevistas não são muito diferentes do Brasil, dizem que estão com urgência para conseguir alguém para a vaga, que seu perfil bate certinho com que eles querem e demoram três meses para te dar uma resposta, que quase sempre é negativa, porque você não tem a famosa experiencia canadense.
Não querendo te desanimar, ainda bem que você já está escaldado. rsrrs
Beijos, Eliane.
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