Droga de lógica!
Graças a Deus podemos dizer que estamos indo muito bem aqui no Canadá. Além de, obviamente, estarmos vivendo uma vida tranquila, sem nos preocuparmos com violência, roubo, etc., podemos dizer que estamos indo bem financeiramente. Mesmo querendo muito viver aqui, é lógico que tínhamos em mente que poderíamos não arranjar emprego, e nesse caso, precisaríamos em algum momento colocar um "basta" no financiamento do nosso sonho, e talvez voltarmos pro Brasil. Ainda bem que estamos trabalhando, o dinheiro tá entrando e não precisamos ficar contando cada centavo que gastamos, como fizemos nas primeiras semanas.

Aqui em casa, o mais preguiçoso sou eu, com apenas um emprego.
Nossa vida material aqui está tão boa, senão melhor, do que no Brasil. Tudo o que eu sempre falei que ia ter no Canadá eu pude realizar. Exemplo: sempre quis ter um iPhone no Brasil, mas não queria gastar milhares de reais num negócio que fatalmente alguém ia levar de mim. Cheguei aqui, iPhone. Contrato de 3 anos? Não importa, eu vou ter um iPhone e dane-se. Videogame? Sim, eu vou ter um Wii. Podia ter um Wii antes, mas no nosso apartamento anterior não havia espaço pra nos mexermos o suficiente. Vou ter um videogame quando eu tiver um apartamento decente e vai ser um Wii. Depois de um mês, Wii. Com Guitar Hero e seus apetrechos, ainda por cima.

Não vou nem comentar sobre o meu desejo desde criança, que era ter uma bola quadrada.
Acho que a diferença entre coisas que tinha no Brasil e aqui é apenas uma: carro. Meu Golzinho foi meu parceiro de aventuras por 6 anos. Morando no Rio de Janeiro, era absolutamente necessário ter carro, pois não dava pra depender do sistema de transporte da cidade, ainda mais nos bairros aonde a gente morou lá.
Aqui, na situação atual que estamos, e principalmente depois de conseguirmos mais um emprego, começamos a babar pra termos um carro. Vejam se não é tentador: imaginem comprar um carro novo, zerinho, modelo 2010, com ar condicionado, vidros elétricos, transmissão automática, airbags, freios ABS, Bluetooth, piloto automático, pagando nada de entrada e juros de 2% ao ano (não é ao mês não, é ao ano), com uma parcela mensal que cabe com folga no seu orçamento mensal?
Tudo muito bom, tudo muito bem, até que começo a pensar na lógica de se comprar um carro. Aqui, aonde estamos, não precisamos de carro. Temos à disposição o TTC, um transporte público eficaz, seguro, organizado, que nunca nos deixou na mão. Usando esse transporte, estamos a 15 minutos do centro, eu estou a 20 minutos do meu trabalho. Aonde moramos, não precisamos ir longe pra nada, temos tudo aqui perto: supermercados, restaurantes, academia, caixas eletrônicos, correios, sem nem precisarmos usar transporte. Cinema? Temos várias escolhas, todas elas a 15 minutos de casa, via TTC. Hell, estamos praticamente no meio de duas linhas de metrô, sendo que na frente de casa passa bonde e passa ônibus.

Que outras formas de transporte que a gente poderia precisar? Naves espaciais?
Até aí, tudo bem. Estaríamos comprando uma coisa que seria um bem, uma propriedade. Não usaríamos muito, então gastaríamos pouco com manutenção e gasolina. Aí chegamos no ponto crucial da argumentação: seguro. Carros aqui no Canadá têm obrigatoriamente que ser segurados. Bem, aqui é um país seguro, então o seguro aqui deve ser barato, né? Errado. Por algumas razões, o seguro aqui é absurdamente caro. Primeiro, a cobertura do seguro deve, por lei, ser de no mínimo um milhão de dólaresem barras de ouro, que valem mais do que dinheiro. Segundo, pelo próprio fato do seguro ser obrigatório, todos têm que pagar e acabou. Aí, no nosso caso, como somos novos por aqui, é como se a gente tivesse 16 anos e acabamos de ganhar nossa carteira de motorista.
Na prática, é o seguinte: trezentos dólares por mês, no mínimo, só pra pagar o seguro. Então, compraríamos algo que não usaríamos no dia-a-dia, que não precisamos usar no fim de semana, que vai custar nos fazer jogar no lixo mais de 300 dólares todo mês, além de gastos com estacionamento ($75/mês aqui no nosso prédio, $100/mês no meu trabalho, etc).
Agora, pra matar a charada: se eu alugar um carro pra todos os fins de semana do mês, e vamos dizer que esse mês tenha 5 fins de semana, eu gasto... $250 por mês. Ou seja, eu gasto menos alugando um carro para todos os fins de semana do mês, do que eu gastaria só com o seguro de um carro.
O consumismo é uma praga, mesmo. É tão óbvio que, no nosso caso, não vale a pena, mas mesmo assim eu ainda fico pensando "mas que seria legal ter um carro, seria"...
Maldita razão!

P.S.: Pode ser que daqui a algumas semanas o frio faça querermos mandar toda essa lógica pra casa do chapéu. Veremos.

Aqui em casa, o mais preguiçoso sou eu, com apenas um emprego.
Nossa vida material aqui está tão boa, senão melhor, do que no Brasil. Tudo o que eu sempre falei que ia ter no Canadá eu pude realizar. Exemplo: sempre quis ter um iPhone no Brasil, mas não queria gastar milhares de reais num negócio que fatalmente alguém ia levar de mim. Cheguei aqui, iPhone. Contrato de 3 anos? Não importa, eu vou ter um iPhone e dane-se. Videogame? Sim, eu vou ter um Wii. Podia ter um Wii antes, mas no nosso apartamento anterior não havia espaço pra nos mexermos o suficiente. Vou ter um videogame quando eu tiver um apartamento decente e vai ser um Wii. Depois de um mês, Wii. Com Guitar Hero e seus apetrechos, ainda por cima.

Não vou nem comentar sobre o meu desejo desde criança, que era ter uma bola quadrada.
Acho que a diferença entre coisas que tinha no Brasil e aqui é apenas uma: carro. Meu Golzinho foi meu parceiro de aventuras por 6 anos. Morando no Rio de Janeiro, era absolutamente necessário ter carro, pois não dava pra depender do sistema de transporte da cidade, ainda mais nos bairros aonde a gente morou lá.
Aqui, na situação atual que estamos, e principalmente depois de conseguirmos mais um emprego, começamos a babar pra termos um carro. Vejam se não é tentador: imaginem comprar um carro novo, zerinho, modelo 2010, com ar condicionado, vidros elétricos, transmissão automática, airbags, freios ABS, Bluetooth, piloto automático, pagando nada de entrada e juros de 2% ao ano (não é ao mês não, é ao ano), com uma parcela mensal que cabe com folga no seu orçamento mensal?
Tudo muito bom, tudo muito bem, até que começo a pensar na lógica de se comprar um carro. Aqui, aonde estamos, não precisamos de carro. Temos à disposição o TTC, um transporte público eficaz, seguro, organizado, que nunca nos deixou na mão. Usando esse transporte, estamos a 15 minutos do centro, eu estou a 20 minutos do meu trabalho. Aonde moramos, não precisamos ir longe pra nada, temos tudo aqui perto: supermercados, restaurantes, academia, caixas eletrônicos, correios, sem nem precisarmos usar transporte. Cinema? Temos várias escolhas, todas elas a 15 minutos de casa, via TTC. Hell, estamos praticamente no meio de duas linhas de metrô, sendo que na frente de casa passa bonde e passa ônibus.

Que outras formas de transporte que a gente poderia precisar? Naves espaciais?
Até aí, tudo bem. Estaríamos comprando uma coisa que seria um bem, uma propriedade. Não usaríamos muito, então gastaríamos pouco com manutenção e gasolina. Aí chegamos no ponto crucial da argumentação: seguro. Carros aqui no Canadá têm obrigatoriamente que ser segurados. Bem, aqui é um país seguro, então o seguro aqui deve ser barato, né? Errado. Por algumas razões, o seguro aqui é absurdamente caro. Primeiro, a cobertura do seguro deve, por lei, ser de no mínimo um milhão de dólares
Na prática, é o seguinte: trezentos dólares por mês, no mínimo, só pra pagar o seguro. Então, compraríamos algo que não usaríamos no dia-a-dia, que não precisamos usar no fim de semana, que vai custar nos fazer jogar no lixo mais de 300 dólares todo mês, além de gastos com estacionamento ($75/mês aqui no nosso prédio, $100/mês no meu trabalho, etc).
Agora, pra matar a charada: se eu alugar um carro pra todos os fins de semana do mês, e vamos dizer que esse mês tenha 5 fins de semana, eu gasto... $250 por mês. Ou seja, eu gasto menos alugando um carro para todos os fins de semana do mês, do que eu gastaria só com o seguro de um carro.
O consumismo é uma praga, mesmo. É tão óbvio que, no nosso caso, não vale a pena, mas mesmo assim eu ainda fico pensando "mas que seria legal ter um carro, seria"...
Maldita razão!

P.S.: Pode ser que daqui a algumas semanas o frio faça querermos mandar toda essa lógica pra casa do chapéu. Veremos.
10 Comentários:
Poxa, a vida aqui é assim mesmo! A gente sai comprando esses gadgets, especialmente os portáteis (já que podemos usá-los sem medo), né? E eu estou com este mesmíssimo dilema. hehehe. Compro ou não compro um carro! Eis a questão. Mas que o carrinho não é tão necessário como é no BRasil, não é mesmo, hein!?!
se eu não estou enganada, o meu cartão de crédito, por exemplo, tem seguro pra carro.. (é cartão platinum do citibank)... da uma olhada pq, as vezes, pagamos em dobro pelas coisas (por exemplo, esse cartão tem seguro viagem, mala, até segurança se roubarem minha casa tenho direito...)
agora, vou falar.. terei o mesmo problema quando chegar ai... vou morrer de vontade de comprar um carro hua hua hua...
beijocas
adorei o post! eu sempre vivi sem carro aqui no rio, morando na zona de metrôs linha 1 e vivendo com táxi à noite. mas a violência daqui é uma praga... agora a nova modalidade omlímpica é derrubar helicópteros da pm.
relaxem com o carro enquanto der... novo emprego, novo idioma, nova vida mesmo. mais tarde, quando pensarem em fazer viagens de carro pelo país e eua, talvez depois de pensarem numa hipoteca pra casa... se está dando pra ir sem o carritcho, não compre carritcho!
bjks
p
ps: que gatuxo fofuuuuuxo
Olá!!!
Adoro os posts de vcs!!!
Que pena q vcs nunca visitam meu blog :(
Vcs não querem fazer novos amigos?!!!
Abraços e tudo de bom!!!!
Olá!!
Já tivemos esses mesmos raciocínos aqui em toronto, rsrsrs...e optamos por nao ter carro...
Vocês já deram uma pesquisada sobre os programas de alugueis do "Zip Car" e "Auto Share" que tem por aqui?? Você se cadastra, recebe um cartao que vai te permitir abrir os carros e chave ja vai estar no contato (você deve reservar o carro pela net antes de usar o cartao para abri-lo), paga uma pequena taxa anual e um valor bem baixo por hora ou dia quando for alugar um, você escolhe, com tudo incluso: gasolina, seguro, etc...você pode pegar e devolver o carro em qualquer um dos vários pontos espalhados pela cidade e so tem que estar com no mínimo 1/4 de gasosa no momento da devolução e caso esteja abaixo você vai num posto e abastece com um cartao, que fica no porta luvas, e a conta vai pra empresa e se puder lavar eles te reembolsam, manja?...vale a pena dá uma pesquisada no google, parece mais lógico e justo, hehehe (essa descriçao é do zip car!).
Abraço!
Carol.
Adorei o post. Bom ver que usando a razão evitamos compras desnecessárias. E viva o Canadá.
E a vida segue...
Olá! Tudo bem?
Me ocorreu uma coisa agora... eu tenho um gato peludo que nem o de vcs, pretendo levá-lo comigo para o Canadá tb, mas aqui no Brasil eu levo ele para fazer tosa higienica pq senao a coisa fica feia, começa a fazer nó... vcs tosam o de vcs? Levam em algum lugar para isso em Toronto? Se sim, é caro?
Obrigada e boa sorte no inverno.
Respondendo a alguns comentários:
Taty, tenho quase certeza que o seguro do cartão de crédito cobre carros alugados somente, não serve como seguro de um carro que seja seu...
P, como vc bem disse mesmo, no Rio se vc só depende da linha 1, até rola ficar sem carro. Essa da foto é a Lilo, e não, ela não comeu os chocolates da foto.. hehehe... ela só deitou nos nossos restos e acabou virando uma ótima foto... hehehe
Ma, a gente visita muitos blogs, só não comentamos com muita frequência... :(
Carol, esse conceito de car sharing eu sinceramente nunca tinha ouvido falar e achei muito interessante! Acho que na frequência que planejamos usar um carro, no nosso caso não vai valer a pena... mas realmente é um negócio completamente novo que faz muito sentido. Espero que tenham clientes e possam continuar no mercado.
Carina, nossos gatos são peludos mas não tanto pra "coisa chegar a ficar feia"... hehehe... adorei o seu eufemismo... hehehe uma vez ou outra que o Mochi saiu do banheiro com um presentinho, a gente tirou e deu um banho... hehehe... nada muito frequente pra que seja preocupante... infelizmente não tenho noção de preço de tosa.
Legal vcs estarem conquistando as terras geladas, se já está assim no começo imagina daqui há alguns anos...hehehe
Continuo na torcida para que muitos mais sonhos se realizem por aí..
Agora me diga, vcs foram bonzinhos e compraram aquele playground de madeira com vários andares para gatos??????..hunf... eles merecem um agradinho desses tb...hehehehehe
bjs
Rosi
Esse post foi ótimo! Iremos para Montreal e pensamos que no começo um carro não seria nada necessário, mas pelo post de vcs começo a ter dúvidas se vale mesmo a pena ter um carro.
Obrigada pelas ótimas dicas ..
[]s
Fabiane
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